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Depressão e bipolaridade

Boa tarde a todos. Hoje gostaria de fazer um post sobre depressão. A depressão é conhecida desde a antiguidade. Alguns a chamavam de melancolia, mas o fato é que quem estava acometido pelo transtorno sabia que aquele estado de completo vazio, tristeza, falta de ânimo era muito diferente das tristezas normais da vida. Quem está de fora não consegue muitas vezes entender a dimensão do sofrimento de um parente e é comum as pessoas darem “conselhos”: Saia mais! Tente fazer algo que te agrade! Pense em outra coisa!

Hoje em dia sabemos que a depressão é um estado cerebral com repercussões em diversas áreas do organismo: O sono se altera, a parte imunológica pode estar comprometida, o apetite muda. A a depressão a longo prazo pode até mesmo causar atrofia de partes do cérebro e prejudicar a concentração e a memória. O doente acorda de manhã sem vontade de fazer nada, não vê graça na vida (chamamos isso de anedonia), sente uma tristeza muito profunda, pode perder o sono à noite e fica com pensamentos muito enviesados para o negativo.

A boa noticia é que esses transtornos tem tratamento. A medicina descobriu que ao modificarmos alguns níveis de neurotransmissores no cérebro podemos alterar esses estados depressivos. São os famosos antidepressivos. A maior parte dos antidepressivos estão entre as medicações mais bem toleradas dentre todas as outras medicações de diversas áreas da medicina.

Uma vez que inicia-se o tratamento, o paciente deve tomar a medicação prescrita por pelo menos um ano, se essa for sua primeira depressão. Após um ano da remissão do quadro, médico e paciente decidem a retirada lenta das medicações e observa-se como o paciente reage. A maior parte das pessoas fica bem após isso, mas é preciso ficar atento a novos sinais de outra depressão. Se o paciente já teve muitos casos graves de depressão anteriormente, então é mais sensato que o paciente tome o antidepressivo a longo prazo, como forma de prevenir uma recaída. Nesse caso, o paciente toma o antidepressivo da mesma forma como ele toma seu remédio para a pressão alta ou para o diabetes.

No tratamento da depressão, precisamos ficar atentos se o paciente não apresenta sinais de bipolaridade, isso é, se o paciente possui algum parente bipolar, já apresentou episódios de euforia, muitos gastos desnecessários, períodos de aumento de energia que saem de seu normal, tudo isso pode indicar que seja na verdade um transtorno bipolar e não uma depressão simples. Transtorno bipolar e depressão se confundem bastante, uma vez que o bipolar também apresenta períodos de depressão. Mas o tratamento é totalmente diferente. Nesse caso, o antidepressivo pode não melhorar a depressão ou até mesmo piorar, jogando o paciente em períodos de mania e depressão e ou estados mistos. Por isso é importante ficar atento a história clinica do paciente, seus antecedentes familiares e quais foram as respostas a antidepressivos usados no passado.